Funcionários das fábricas de veículos General Motors, Ford e Chrysler nos Estados Unidos iniciaram uma greve durante a madrugada desta sexta-feira (15). A Paraliação envolve cerca de 13 mil trabalhados que atuam no setor e estima-se que o impacto da paralização chegue a US$500 milhões, interropendo a produção de 25 mil veículos por semana. Por outro lado, as empresas também possuem veículos prontos em estoque, o que poderia manter as vendas ativas, mesmo com a redução na receita.
O motivo da paralização foi resultado de uma demanda sindical por uma parcela maior no pagamento de lucros gerados pela venda de caminhões, além de maior segurança nos empregos.
Segundo a Reuters, o sindicato pediu um aumento de 40%, enquanto as montadoras ofereceram um reajuste de apenas 20%, além de na contraposta não oferecerem nenhum benefício exigidos pela categoria.
A Ford Informou que as propostas do sindicato duplicariam os custos trabalhistas nos Estados Unidos. Já a Stellantis, que controla a Chrysler, afirmou que vai tomar decisões estruturais para proteger a empresa. Já a montadora GM disse estar surpresa com a paralização e tem o desejo de continuar com as negociações.
“Esta é mais uma greve simbólica do que realmente prejudicial”, disse Sam Fiorani, analista de produção da Auto Forecast Solutions.
Atualmente, a indústria de carros dos Estados Unidos faz uma transição para focar na produção de veículos elétricos. No entanto, existe o receio por parte da categoria de que isso provoque demissões na produção de itens automobilísticos voltados para carros à combustão.
Com o governo dos EUA investindo bilhões em incentivos para a produção de carros elétricos, o impasse também se tornou uma questão política. O sindicato, por exemplo, não apoia a reeleição de Joe Biden.
Trabalhadores de montadoras nos estados unidos entram em greve. Foto: REUTERS/Fred Thornhill.
A Ford informou num comunicado recente que as propostas do UAW poderiam mais do que duplicar os seus custos trabalhistas nos EUA.
Segundo a BBC, uma greve de 10 dias poderia custar às três empresas quase US$ 1 bilhão e aos trabalhadores quase US$ 900 milhões em salários perdidos, de acordo com estimativas do Anderson Economic Group. O impacto total na economia dos EUA poderia chegar a mais de US$ 5 bilhões.
A Ford, a GM e a Stellantis representam, em conjunto, cerca de 40% das vendas de automóveis nos EUA. A última vez que a indústria automobilística americana enfrentou uma greve foi em 2019, quando os trabalhadores da GM abandonaram o trabalho por seis semanas.
O colapso financeiro levou tanto a GM como a Chrysler, que agora pertence ao grupo Stellantis, ao caminho da reestruturação, pois ambas estiveram próximas da falência.
As três empresas registraram lucros elevados nos últimos anos.
“Esta empresa vem ganhando dinheiro graças ao nosso trabalho”, disse Paul Sievert, que trabalha na fábrica da Ford em Wayne há 29 anos. “Acho que é hora de recebermos algo em troca”.
O CEO da Ford, Jim Farley, questionou o líder dos grevistas na quinta-feira.
“Não sei o que Shawn Fain está fazendo, mas não está negociando o contrato conosco quando está a ponto de expirar. Mas sei que está ocupado preparando uma greve”, comentou.
“Ele quer uma greve histórica nos três grupos, mas nós queremos fazer história com um acordo histórico”, disse.
– Um risco eleitoral para Biden –
Um conflito social prolongado poderia ter consequências políticas para o presidente Joe Biden, cujo balanço econômico é alvo de críticas, em particular devido à inflação persistente no país.
Em campanha para a reeleição em 2024, Biden entra em território delicado e precisa estabelecer um equilíbrio entre seu apoio declarado aos sindicatos e o temor a respeito das consequências para a economia americana da greve.
Na quinta-feira à noite, o presidente conversou por telefone com Fain e os executivos das montadoras para receber informações sobre as negociações.
“Os consumidores e comerciantes estão, em geral, relativamente protegidos dos efeitos de uma greve curta”, explicou o vice-presidente da consultoria AEG, Tyler Theile.
Porém, com estoques que representam 20% do que a indústria tinha em 2019, durante a última greve da GM, “poderiam ser afetados muito mais rapidamente” do que há quatro anos, afirmou.
Analistas do JPMorgan acreditam que um forte aumento nos salários teria um impacto nos preços de venda dos veículos, levando os motoristas a “manter seus carros por mais tempo” em vez de comprar um modelo novo.
Leia mais: CNN.
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